terça-feira, 28 de setembro de 2010

Mais um sonho realizado...

Depois de alguns meses desaparecida, volto para explicar a vocês o porquê do meu desaparecimento e para retomar meu blog. (assim espero!)

O objetivo deste post não é apenas contar um pouco da minha história, mas também mostrar (principalmente aos que ainda estão na universidade ou que estão iniciando sua carreira profissional) que tudo é possível, basta a gente querer, e que a recompensa vem, e vem rápido, quando somos dedicados, esforçados e trabalhamos com paixão.

Para os que não lembram mais, cheguei no Chile em janeiro deste ano para fazer um intercâmbio em uma consultoria em inovação (na época chamada IGT). O objetivo do meu intercâmbio era ajudar a empresa a iniciar suas atividades no Brasil e, ao mesmo tempo, participar de projetos de consultoria. Havia a possibilidade de ser contratada, mas durante seis meses trabalhei sem saber se continuaria ou não na empresa.

O que aconteceu é que me apaixonei pela empresa! (para os que não leram, escrevi um post sobre isso em fevereiro: Aprendi que...). Até fiquei com receio de que seria apenas motivação inicial... mas não! Continuo apaixonada!

Antes de explicar porque sou apaixonada pela empresa, vou fazer um resumo da minha vida e das pessoas que foram apoio fundamental em cada momento, o que ajudará a explicar porque estou tão feliz e realizada. (E tenho certeza de que muitos de vocês vão ler e dizer em alguns momentos: "Poxa, eu também passei/passo por isso!")

1. Estudei a vida inteira em escola pública municipal e no Ensino Médio estudei em escola particular, mas como era um colégio da empresa onde meu pai trabalhava não pagava mensalidade; o ensino era bom, mas não exemplar porque todos os alunos do noturno haviam estudado em escolas públicas antes e eram filhos de funcionários. (apoio fundamental: professor Cinalli no Ensino Fundamental e professor Mário no Ensino Médio);
2. Desde os 13, 14 anos de idade eu dizia a todos que ia estudar em uma universidade pública, junto com a minha querida amiga Liane, e muitos não acreditavam. Alguns riam da minha cara, outros falavam que teria que pagar pra passar, outros que eu não era capaz... e por aí vai. (apoio fundamental: família);
3. Comecei a estudar inglês com 10 anos de idade e continuei por mais 8 anos, conseguindo obter no final um certificado de inglês avançado da Universidade de Cambridge, Inglaterra. (apoio fundamental: família);
4. Fiz seis meses de cursinho ainda no Ensino Médio e não passei em nenhuma universidade. Fiz mais um ano de cursinho, praticamente não tive vida por um ano (porque tive que recuperar tudo que não aprendi na escola) e consegui passar em 3º lugar na USP, em 4º na UNESP e na 2ª chamada na UNICAMP. (apoio fundamental: família e professor Mário);
5. Escolhi a FEA-RP/USP para estudar Economia e logo de cara entrei na Jr. FEA (empresa júnior de consultoria da Faculdade). Depois de alguns meses, o Porto me selecionou para fazer parte da fundação da AIESEC em Ribeirão Preto (organização mundial de estudantes que realiza intercâmbio e prepara os líderes do futuro da nossa humanidade). A empresa júnior não me satisfez profissionalmente e decidi focar na AIESEC;
6. Na AIESEC foi onde cresci como pessoa e como profissional, foi onde conheci as pessoas mais importantes para a minha nova etapa da vida, pessoas que até hoje são amigos e muito queridos. Criei uma área nova que não existia (Projetos) e não vou dizer que foi um fracasso total, mas não teve os resultados que eu esperava. E eu me desesperei... muito. Cheguei a chorar várias vezes porque achava que não era capaz de liderar, de fazer algo acontecer de verdade, que impactasse a vida das pessoas. E nessa hora tive muito apoio de pessoas que me fizeram enxergar que os fracassos fazem parte e que são importantes para que tenha sucesso depois. Fiquei 2 anos e meio trabalhando pela AIESEC, tive cargo nacional e terminei o primeiro projeto que realizamos (Social Bonders, que por muito tempo foi considerado o melhor projeto do Brasil) com chave de ouro! (apoio fundamental: Diretoria da AIESEC e namorado);
7. Entrei para trabalhar em um banco, na área de Gestão de Riscos, e fui responsável por criar a área na empresa. Tive um chefe extraordinário, o Thiago, e conheci uma pessoa muito querida, a Cris. Foi minha primeira experiência de trabalho e foi intensa e prazerosa, mas nesse momento da vida tive duas certezas: primeira, que não gosto de viver com rotina e que queria trabalhar em um lugar onde eu realmente poderia fazer a diferença; e segundo, que a Faculdade não nos ensina o conhecimento prático de finanças que precisamos para chegar mais preparados ao mercado de trabalho;
8. Com o banco tive a ideia de criar o Clube de Mercado Financeiro (CMF), uma entidade que aproximaria mais as empresas do setor com a Faculdade, levando assim o conhecimento prático aos alunos antes dos mesmos saírem para o mercado de trabalho. Com mais de 100 pessoas na palestra de apresentação da proposta de criar o CMF e com mais de 40 inscritos no primeiro processo seletivo, construímos uma das entidades mais promissoras da FEA! (apoio fundamental: namorado e fundadores do CMF)
9. Desisti de trabalhar no banco por diversos motivos, dentre eles porque queria me dedicar ao CMF como Presidente, à Faculdade (para fazer intercâmbio em 2010, ainda sem se formar, e ficar só com a monografia para ser entregue em 2010... para isso tive que fazer todas as disciplinas optativas durante os 4 anos fora do horário normal de aula) e porque já não estava feliz no trabalho e não gosto de trabalhar sem estar motivada e feliz. Minha família não me apoiou muito por motivos financeiros, e por estarem distantes da minha rotina não tinham muita ideia do que o CMF e a AIESEC realmente representavam. Consegui um emprego temporário como tradutora de relatórios de investimentos para um banco brasileiro e isso me manteve por alguns meses e pagou meu intercâmbio. (apoio fundamental: namorado)
10. No meio do caminho passei quase 1 mês na Inglaterra, Irlanda e Escócia. Fui a Manchester apresentar um artigo acadêmico em uma conferência internacional (desde o início da Faculdade também fiz pesquisa com o professor Sig, atual Diretor da FEA, e fui com ele ao congresso). Parte dos gastos da viagem paguei com o dinheiro que havia guardado e com apoio familiar e ainda consegui, com muito sacrifício, um apoio financeiro de 4.000 reais da Faculdade para a passagem de avião e inscrição no congresso (a USP estava em greve e quase perco o recurso, fui atrás até conseguir pegar o cheque com eles um dia antes da viagem... burocracias, pra variar...). Agora, esse ano, o artigo que apresentei foi publicado na revista britânica Journal of Co-operative Studies e me senti muito realizada!
11. Consegui meu intercâmbio e vim para o Chile. Deixei uma vaga de uma empresa multinacional parceira de intercâmbio da AIESEC para tentar a vaga do Chile sem ter certeza se conseguiria ou não, e aqui estou! (apoio fundamental: namorado e família) E uma parte da história vocês já sabem... 


O que tem de novo é que fui contratada em julho para ser uma das responsáveis a abrir as portas da empresa no Brasil! O que isso significa? Que aos 23 anos de idade, ainda não formada: 

  • Estou com um salário no mesmo nível dos melhores programas de trainees do Brasil;
  • Tenho um notebook da empresa, um celular da empresa e outros excelentes benefícios;
  • Participei e participo ativamente de todo o planejamento estratégico de entrada da empresa no Brasil (avaliação econômica, oportunidades de mercado, questões jurídicas e legais, contato com empresas brasileiras, etc);
  • Participei de dois projetos de inovação, um em uma multinacional e totalmente inovador, onde tivemos que criar algo totalmente novo e que, no final, superou as expectativas da empresa e foi um sucesso!
  • Faço reuniões com a Diretoria e Presidência de grandes empresas nacionais, internacionais, brasileiras, tendo contato direto com eles;
  • Estou criando uma rede de networking imensurável!
  • Participei da mudança corporativa da empresa, que hoje é INNSPIRAL Moves (faz parte da mais nova holding INNSPIRAL) e que já não faz mais consultoria, e sim inovação. Vamos até as empresas e não entregamos apenas um relatório, mas também colocamos a "mão na massa" e empreendemos junto com eles (algo simplesmente NOTABLE, como falamos em espanhol!);
  • Estou em uma empresa onde as pessoas são valorizadas, onde não há horário fixo, você escuta música, come, conversa, muda de sala, tem acesso a todas as redes sociais e tem metas de Tweets e de contatos no LinkedIn, por exemplo;
  • Tenho que opinar sempre e participar ativamente das mudanças constantes que temos nas metodologias, propostas, atividades da empresa;
  • Tenho capacitações sobre todos os temas possíveis e imagináveis (design, comunicação efetiva com atores, etc);
  • Vou assumir um cargo de grande responsabilidade no curto prazo ao abrir a empresa no Brasil e vou crescer profissionalmente de uma forma absurdamente rápida;
  • E, não menos importante, admiro profundamente o Presidente da INNSPIRAL, o Sr. Iván Vera. Ele me motiva em qualquer conversa, seja um bate-papo no corredor ou uma reunião de negócios.

É claro que ver os resultados de todos esses anos de esforço e preparação é bom, mas o que a grande maioria das pessoas muitas vezes não vê é o esforço que fazemos para conseguir alcançar nosso sonhos e ser felizes naquilo que fazemos. Se vocês me perguntam "Foi fácil?" Vou dizer sem nenhum medo "Não, não foi fácil, nem um pouco...". Abri mão de estar perto da minha família, não estou vendo meu afilhado crescer, não estive sempre junto das pessoas fundamentais da minha vida e não estarei por algum tempo mais, chorei várias vezes em momentos que ninguém me entendia ou não me compreendia, me desesperei em alguns momentos, encontrei forças em outros, me perguntei várias vezes (e continuo me perguntando quando o desespero bate mais forte) se realmente vale a pena ou não...

Mas, em resumo, a resposta é "Sim, vale a pena!"

Tudo na vida tem um sentido e um porquê, que muitas vezes só entendemos depois que já passou porque na hora não queremos ou não temos forças suficientes para entender. A vida é curta, e se você quer chegar aos 50 anos de idade e se sentir feliz por tudo que construiu durante a sua vida, todos os lugares que visitou, todas as pessoas que conheceu... não perca tempo! Não tenha medo! Apoio é fundamental, mesmo que as pessoas em quem você confia e precisa da ajuda não te entendam 100% elas vão te levantar no momento em que mais precisar, vão te apoiar e fazer você seguir em diante, mesmo sem saber se realmente dará certo. E assim é que construímos a nossa vida e a nossa história.

Espero que tenha sido útil para todas as pessoas que têm dúvidas ou medos sobre seus planos. Espero que cada dia que passe mais pessoas sejam capazes de se arriscar e construir o seu caminho visando ser feliz e se satisfazer profissional e pessoalmente. Espero que você seja simplesmente você, e lute por isso.

Não há maior recompensa que ver pessoas motivadas com a sua ajuda e agradecendo pelo bem que fez a elas. A vida é feita de pessoas e são elas a chave do sucesso para qualquer grande realização pessoal ou profissional.  

domingo, 27 de junho de 2010

Um choque cultural diferente...

Saindo um pouco das minhas aventuras pelo Chile, me aventurei pelo Rio de Janeiro em um feriado em maio e posso dizer que foi um momento interessante de reflexão.

Meu namorado estava no Rio a negócios e aproveitei para rever um lugar que sou apaixonada! Estava super ansiosa para pisar em terras brasileiras novamente e não via a hora de chegar na cidade maravilhosa.

Ao sair de São Paulo (escala do vôo), 90% das pessoas que estavam no avião eram cariocas... E eis aí o primeiro choque cultural: todos conversavam com todos, muitos de pé, batendo altos papos... e eu, já acostumada com a rotina de Santiago (ninguém fala com ninguém em nenhum meio de transporte a não ser que conheça a pessoa; e, mesmo se conhece, a conversa é num tom baixo e você raramente escuta o que estão conversando), achei super estranho!

Chegando no aeroporto, encontrei meu namorado e saímos com o translado. Já dentro do ônibus um cara começou a puxar papo comigo e eu o cortei, na hora... Achei aquilo um absurdo. E quando estávamos em táxis achava muito estranho também meu namorado conversar de tudo com os taxistas...  (aqui em Santiago conversamos com os taxistas, mas é muito pouco, não sabemos da vida inteira deles em uma corrida de táxi... rs)

Com isso, cheguei à minha primeira conclusão: basta viver um tempo fora do país que seus costumes e modo de agir mudam.

Estávamos em um hotel 4 estrelas em Copacabana e resolvemos ir até a piscina do hotel, que fica na cobertura. Quando chegamos lá levei um susto imenso: uma favela gigante de frente para o hotel! De verdade, me senti mal em ficar lá em cima. Ficamos uns 3 minutos e descemos...

Segunda conclusão: é muito mais fácil viver em uma cidade onde o rico e o pobre moram em lados opostos e os pobres não chegam nos ricos. Santiago é assim. Apesar da desigualdade social ser menor que em São Paulo e no Rio de Janeiro, ela existe, claro. Só que normalmente não a vemos, e quando vemos não chega nem aos pés da pobreza que vemos nas cidades brasileiras que mencionei. Foi nessa hora que lembrei que há 4 meses eu não sentia medo de andar nas ruas de uma cidade porque me sentia segura. Foi assim que lembrei que o mesmo não se passa no Rio e nem em São Paulo...

Vista da cobertura do hotel - Uma das várias favelas do Rio de Janeiro

Outra coisa que me chamou a atenção foi o estilo das construções no Rio. Por ser uma cidade antiga e ex-capital do país, tem muitos prédios antigos. Até aí, tudo bem... Mas o problema é que os prédios chiques de Ipanema, por exemplo, também não são nenhum modelo de construção...

Terceira conclusão: Santiago, uma cidade sísmica, tem prédios lindos e muito diferentes do que estamos acostumados a ver pelo Brasil. Precisamos aprender a aproveitar o que já existe no mundo para melhorar o nosso país, e isso é válido também para os arquitetos. Seria muito bom se os arquitetos brasileiros tivessem umas aulas no Chile. =)

Do lado bom, posso dizer que me sentia a pessoa mais feliz do mundo por estar onde eu estava e acompanhada de uma pessoa tão importante pra mim. Foram dois dias de muita alegria e diversão e eu me senti, de fato, em casa! (Eu gostava até de escutar o sotaque dos cariocas!!! rs)

Quarta conclusão: mesmo que eu esteja morando no melhor país do mundo, no mais desenvolvido, no mais moderno, no mais organizado, etc... continuarei sendo brasileira de coração! Continuarei amando meu país e minha cultura, minha base de formação, minha família, meus amigos e meu namorado em primeiro lugar, sempre! Posso morar por um tempo fora do Brasil, mas aí é a minha casa, o meu lar... Voltarei e farei o que estiver ao meu alcance para ajudar o meu país!

(PS: Amor, obrigada pelo ótimo fim de semana! Foi incrível!)

Batendo um papo com Carlos Drummond de Andrade, em Copabacana

No Arpoador, em Ipanema

Escultura de areia em Copacabana
Passeio na orla depois de comer uma bela feijoada na Casa da Feijoada, em Ipanema

No hotel (amei as rosas, a cesta de frutas e os chocolates!)

Passeio no Pink Fleet: navio que oferece um passeio inesquecível pela orla do Rio de Janeiro, contando cada detalhe histórico da região. Recomendo!

Apreciando a paisagem e aguardando os pratos que pedimos
Curiosidade: o chef do Pink Fleet, o holandês Gabriel Fleijsman, é fenomenal! Todos os pratos e pestiscos que comemos eram muito saborosos e eu fiquei fascinada pelo camarão ao molho de vinho branco!

Passando debaixo da Ponte Rio-Niterói, uma das maiores pontes do mundo

Dentro do Pink Fleet

Não quero jamais ter de morar longe dele. Aqui tudo é possível. E tanto está ainda por fazer...
(Lya Luft sobre o Brasil)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Da minha janela eu vejo...

Antes de falar sobre três grandes viagens que fiz nas últimas semanas (surpresa!!!), vou falar um pouco sobre o clima de Santiago. E o que o clima tem a ver com a minha janela?! Tudo! =)

Moro no bairro Providência, um bairro com ISO de qualidade de vida. Sim, é isso mesmo, um ISO! O meu apartamento está no 6º andar e por isso tenho uma vista incrível da sacada da minha casa, incluindo a própria cordilheira dos Andes. E o legal é que ao longo dos 5 meses que estive por aqui a cordilheira e o céu já tiveram cores diferentes para cada estação do ano. Confira!

 Verão: Céu azul, com quase nada de nuvens e com vista super limpa para a cordilheira.

Outono: nascer do sol. Simplesmente indescritível...

Outono: nascer da Lua. Lindo.

Outono: cordilheira com neve depois de um pouco de chuva.

Véspera do inverno: cordilheira com neve depois de muita chuva (e enchentes pela cidade).

Santiago também mudou muito desde o começo do outono. Uma cidade verde (tem muitas árvores por aqui... São Paulo deveria se inspirar!) passou a ser uma cidade com árvores com folhas secas (algumas completamente peladas):

No verão

No outono

A temperatura aqui não é tão baixa, mas faz frio. Amanhece em torno de 3 e 5ºC e durante o dia costuma chegar até 13, 15ºC. De noite esfria novamente. Nunca fui de usar lenço e cachecol, achava desnecessário, mas quando faz frio você percebe a importância desse tipo de adereço porque faz uma baita diferença!

Uma coisa interessante é o estilo chileno de se vestir. Mais de 90% da população usa cores neutras de roupa: preto, cinza e marrom. Quando alguém usa roupa de outra cor se destaca no meio da multidão. Apesar disso, a maioria tem um bom gosto para se vestir. Gosto muito dessa época do ano porque as pessoas se vestem melhor. E no Chile isso é fato: no verão você vê cada tipo de roupa que não tem como não rir! Tive ataque de riso algumas várias vezes... rs

Com o inverno chegando vou aproveitar para fazer algo novo e radical: esquiar! E assim que fizer conto a vocês como foi a experiência e os tombos! =)

domingo, 13 de junho de 2010

Descobrindo a Cordilheira dos Andes - Parte III - Sewell, a cidade fantasma

Como disse antes, me comprometo a escrever um post por semana para conseguir passar a vocês tudo que vivi até hoje no Chile. E inauguro também um novo visual do blog, mais a minha cara. Espero que gostem!

Em abril decidimos conhecer um lugar um pouco diferente... uma mina de cobre! Mas o mais interessante dessa mina é que ela fica literalmente no meio da Cordilheira dos Andes, a mais de 2.000 metros de altitude e é a maior mina subterrânea do mundo. E ainda mais interessante que a mina em si e sua localização é a história das pessoas que ali moraram. Eu me apaixonei pela história dessa região e espero que o mesmo aconteça com vocês. =)

Saímos no domingo bem cedo para passar o dia inteiro conhecendo Sewell e a Mina El Teniente. Como sempre, viajar pela cordilheira é descobrir novas paisagens e se apaixonar ainda mais por essa obra da natureza (não é à toa que esse é o terceiro post dedicado a ela).

Vista pré-cordilheira

Aqueles pontinhos pretos no meio da cordilheira é uma cidade que já não existe mais, perto de Sewell

Metais à vista na cordilheira

Chegando em Sewell de duas formas: de trem, como era feito na época em que a cidade era habitada (o trem passava nessa ponte) , e pela estrada, que não existia naquela época (foi inaugurada quando a cidade começou a ser abandonada)

Sewell é conhecida como uma cidade fantasma porque já faz alguns anos que ninguém mora lá. Ela surgiu no início do século XX para abrigar as pessoas que trabalhavam na mina El Teniente. Em 1977 as famílias começaram a ser movidas para fora de Sewell e pouco tempo depois já era uma região não habitada. Desde 2006 Sewell é patrimônio mundial da UNESCO.

Agora deixo vocês com um pouco da história deste lugar mágico:

Sewell - A cidade fantasma

Cartão postal da cidade 
Curiosidade: Como era a cidade em seu apogeu, em pleno inverno, com 15.000 habitantes. A cidade tinha tudo: escola, hospital (o melhor hospital da América Latina na época), moradia para as famílias dos homens que trabalhavam na mina, etc. E o melhor: era tudo pago pela empresa, inclusive as contas de água e luz de cada indivíduo.

Chegamos e começamos o passeio pelo museu

Miniatura da cidade

Mineiros fazendo pose para tirar foto 
(reparem em dois que estão sentados ao lado dos que estão de pé; eles até cruzaram a perna para tirar a foto, que bonitinho!)
Curiosidade: no inverno fazia muito frio, realmente muito frio, e a infra-estrutura, apesar de ser boa, não era excelente. Para piorar a situação, era proibido por lei tomar qualquer tipo de bebida alcoólica na cidade (para quem não sabe, o álcool ajuda a diminuir o frio). Portanto, para enfrentar o inverno rigoroso muitos tomavam perfumes (!) e qualquer outra coisa que contivesse álcool. As mulheres também fingiam estar grávidas para entrar com bebida alcoólica em Sewell. 

Foto do carnaval mineiro (festa típica da cidade)
Curiosidade: as mulheres e os homens não podiam conversar de forma alguma. Estavam sempre separados. Caso dois jovens fossem vistos conversando (apenas conversando, nada mais!), eles eram obrigados a se casar no outro dia! E se não casassem os pais dos jovens perdiam o emprego e a família era expulsa de Sewell.

Alguns dos metais encontrados por essas bandas da cordilheira

Praça da cidade

Escada que leva às moradias que restaram da cidade

Outra vista da cidade

Parte da cidade que não existe mais - Foi devastada por uma nevasca em 1944 que matou mais de 100 pessoas

Estava frio este dia, considerando que quando fomos ainda estava no começo do outono... Imagina agora, chegando o inverno... rs

Moradias 
Curiosidade 1: uma pessoa solteira que trabalhava na mina vivia em apartamentos super pequenos e separada das famílias. Já as famílias viviam em edifícios melhores, mais bem estruturados, e algumas moravam inclusive em casas super bonitas, com direito a jardim e outras coisas mais.
Curiosidade 2: as pessoas que moravam em Sewell não podiam receber visitas.

Mina El Teniente (cobre) - Empresa proprietária: Codelco

Dentro da mina
Curiosidade 1: a sensação é estranha... como é um lugar subterrâneo parece que falta ar lá.. sei lá... é estranho... rs
Curiosidade 2: qualquer pessoa que entra na mina deve estar obrigatoriamente usando a roupa que estamos usando. Por quê? Essa roupa evita que você entre em contato direto com minerais e em caso de haver alguma explosão ou algo do gênero temos uma máscara e um equipamento de oxigênio para respirar. Não dá para simplesmente sair correndo porque é muito profundo.

Mapa da mina
Curiosidade 1: El Teniente tem uma profundidade de 1800 metros e 2600 pessoas trabalham lá (as pessoas vão e voltam todos os dias de suas casas... ninguém mora em Sewell)
Curiosidade 2: quando você acha que o homem já foi longe demais ele vai mais longe ainda... Há previsão de que a mina pode ser explorada por mais 100 anos. Não sei se dá pra ver na foto aí em cima, mas existem sub-níveis de exploração. Conforme acabam os minérios eles descem mais em profundidade. Se eu não me engano são 6 sub-níveis e a previsão é de que em algumas décadas mais teremos mais de 20 sub-níveis e somente robôs descerão até essa profundidade. Uau! (inquietação: o que acontecerá no mundo quando essa mina se esgotar?!)

Gesso

Pedaço de gesso - quebra super fácil!

Entrando em uma das partes de operação da mina

Em funcionamento: essa é a parte onde as pedras, depois de serem esmagadas, passam pela centrífuga gigante (onde tem uma bola é uma centrífuga gigante). Aí elas ficam ainda mais finas (pó mesmo) e depois disso o cobre é separado da terra. 

Os brasileiros invadiram o Chile! (Rafa, Eu, Leandro, Aline e Ian)

domingo, 6 de junho de 2010

Descobrindo a Cordilheira dos Andes - Parte II - Mendoza, Argentina

Faz algum tempo que não apareço por aqui. Vida corrida no último mês. Várias viagens, projeto de consultoria novo, projetos pessoais tomando bastante tempo... e não consegui atualizar meu blog! Mas com o intercâmbio terminando e os posts um pouco atrasados terei que me comprometer a escrever um por semana... rs


Como escrevi no post anterior, recebi a visita do meu namorado há 3 meses atrás e aproveitei para conhecer um lugar que todos diziam ser encantador: Mendoza, Argentina. Uma cidade com aproximadamente 111.000 habitantes, aos pés da Cordilheira dos Andes e com vinhos e azeites de ótima qualidade. Esse foi o nosso destino, apesar de querer inicialmente viajar para Pucón (sul do Chile), que deixou de ser uma opção porque as estradas ainda não estavam tão boas depois de um pouco mais de 1 mês do terremoto.

Fomos de ônibus para conhecer um pouco mais da Cordilheira dos Andes e sua paisagem maravilhosa. 


Quando cheguei no Chile, em janeiro, vi do avião o tamanho da cordilheira e pensei: "nossa, é TUDO isso?!?!" Agora, conhecendo o que tem na própria cordilheira continuo me surpreendendo com o lugar. É uma das coisas que a natureza faz e que não encontramos palavras para descrever como é...

Saímos de madrugada de Santiago, mas com pique total para fazer uma viagem de mais de 6 horas para o outro lado da cordilheira.

Começa a subida da cordilheira...

... E a paisagem já começa a mudar.

Com direito de ver a lua durante o dia =)

E uma paisagem indescritível! (Infelizmente uma simples foto não é capaz de mostrar a beleza real das coisas)

A subida para a alfândega entre o Chile e a Argentina é pesada. É uma sequência de 19 curvas super fechadas, mas como todos sobem e descem devagar o risco de algum acidente grave é baixo.

"Teleférico" usado pelo povo que esquia no inverno. (Imagina tudo isso cheio de neve! É uma paisagem que pretendo ver antes de ir embora do Chile...)

Chegamos na divisa Chile-Argentina!

Lá na alfândega faz friiiiio (o sol engana... rs)! Voltamos de madrugada e eu quase congelei... rs

É interessante como a paisagem muda depois que mudamos de lado da cordilheira.

A cor da terra muda também (no Chile é uma terra meio arenosa e aqui já começa a ficar com a cor que conhecemos no Sudeste e Sul do Brasil).

Lago no lado argentino da cordilheira.

Chegamos a Mendoza! =)

Resolvemos alugar uma cabaña para nos hospedar. Para quem não sabe, cabaña lembra um chalé no Brasil: fica no meio do nada, com pura natureza em volta. É totalmente equipada, com geladeira, fogão, panelas, torradeira, churrasqueira, etc e se você gosta de descanso e tranquilidade é uma ótima opção.


Uma recomendação: quando você aluga uma cabaña é imprescindível alugar um carro também. As cabañas ficam normalmente afastadas da cidade, no meio da estrada, e passam poucos ônibus por lá. O Marcelo e eu perdíamos muito tempo esperando ônibus e não era possível sair de noite porque nem táxi passa por lá. Agora aprendi e sempre alugo carro quando vou para cabañas. =)


Ficamos nas cabañas Águilas de Piedra, a 30km da cidade. Recomendo para quem pretende visitar a cidade! É uma cabaña super organizada, limpa, com ótimo atendimento e ótima localização.

Propaganda gratuita =P


Nas cabañas


Dentro da cabaña [1]

Dentro da cabaña [2]


Dentro da cabaña [3]


Café da manhã!


Chegamos na sexta-feira à tarde e aproveitamos para descansar. No sábado de manhã saímos para fazer a famosa rota do vinho de bicicleta. Você aluga uma bicicleta para o dia inteiro a um preço super barato e sai pedalando pela região, fazendo paradas em fábricas de chocolate e azeite, vinícolas e olivícolas. Abaixo o caminho que fizemos de bicicleta. =)


Na rota do vinho =)


Fábrica de azeite


Fábrica de chocolate, licor e azeite


Parada para almoço


Olivícola


Pé de azeitona! Curiosidade: as aceitonas mais magras são usadas para fazer azeite e as mais gordas viram azeitona mesmo. =P

No domingo aproveitamos para conhecer um pouco a cidade. Como toda cidade pequena, tem uma praça central com feirinha e pessoas lendo, crianças brincando, shows, etc. É uma cidade cheia de gringos!


Praça


Parque General San Martín

Meu único ovo de Páscoa! PS: para quem não sabe, ovos de Páscoa no Chile não são tradicionais. Na época da Páscoa tem poucos ovos nos supermercados e são aqueles prontos já, nada de ovo caseiro. Senti falta do Brasil!  rs


Disfrutando a paisagem...

Um cacto! E olha o tamanho dos espinhos!!!


No parque! PS: Esse parque é MUITO grande! Tem de tudo aí dentro: museu, escola, academia, teatro... É como uma cidade!

Mendoza me encantó! =)