quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O que está acontecendo no mundo?


Antes de mais nada, muito obrigada por todos os comentários que recebi no post anterior! (Reflexões sobre empreender) Depois do post tive algumas experiências interessantes, conheci novas pessoas e ficou definitivamente claro pra mim que empreender é um estilo de vida. Empreender não é somente abrir uma empresa/negócio social, é muito mais! É olhar o mundo de forma diferente, questionar-se sempre e buscar soluções para os problemas que existem e que te incomodam profundamente. =)

Seguindo meus momentos de reflexão (acho que este blog já se transformou em algo mais reflexivo e não tão turístico como era no início...), faz alguns meses que ando refletindo a respeito do mundo. Trabalhando como consultora, tenho a oportunidade de lidar com várias empresas diferentes, com culturas e perfis de pessoas distintos. O que tenho visto é que, apesar das diferenças, há algo que é geralmente comum em todas as empresas: as pessoas buscam constantemente satisfazer os seus superiores e destacar-se com relação aos companheiros de trabalho, nem que para isso elas tenham que ser o que, na verdade, não são... Acredito que isso seja, de certa forma, parte do processo natural de qualquer empresa, afinal a competição é importante... Porém, na minha opinião, falta algo ainda mais importante nas empresas hoje em dia: as pessoas precisam sentir prazer e estar felizes e satisfeitas com o que fazem diariamente. Afinal (acho que falei disso aqui antes), passamos a maior parte da nossa vida trabalhando, e se não estamos felizes e satisfeitos com o que fazemos as chances de sermos infelizes (pessoal e profissionalmente) aumentam.

Dadas as diversas crises econômicas que estamos vivendo nos últimos tempos, os diversos protestos, greves e confrontos a nível mundial, algo está me incomodando: a economia mundial depende das empresas/ONGs/governo; as empresas/ONGs/governo dependem de pessoas; as pessoas fazem parte de famílias, as quais são formadas com base nos valores da sociedade atual. Dado que o mundo dos negócios está "perdido", é um grande sinal de que nós, seres humanos, estamos "perdidos" também, afinal, nenhuma decisão em qualquer empresa ou instituição é tomada por computadores ou máquinas... certo???

E bem, voltando ao que conversamos antes (que as pessoas precisam ser felizes no trabalho), é mais do que evidente que muitas pessoas não são felizes com o que fazem. Trabalham pelo simples fato de ter que trabalhar...

As pessoas em geral buscam algo mais além do dinheiro e do conhecimento, mas na maioria das vezes não sabem o que estão buscando, e por não saber o que estão buscando se perdem no meio do caminho...

Fui à uma palestra recentemente e descobri alguns dados interessantes:

- Depressão é a 2ª maior doença do mundo entre os 15 e 44 anos;
- Na África não existem problemas de depressão;
- 61% dos alemães se consideram felizes, enquanto que na Grécia, país em crise, 80% se consideram felizes;
- As mulheres se suicidam menos.

A pergunta que não quer calar na minha cabeça é: "O que está acontecendo no mundo?"


Não sei exatamente o que está acontecendo, mas tenho várias pistas para tentar entender o que está passando na nossa sociedade atual:

- Sabemos do que acontece na vida dos nossos amigos e familiares, afinal todos estamos hiperconectados, mas não conseguimos VIVER com eles suas conquistas, derrotas, alegrias e sofrimentos;
- Pessoas que têm "tudo" (dinheiro, tecnologia, boa qualidade de vida, etc) sentem falta de algo, o que é facilmente identificado nos países mais desenvolvidos (como mostram os dados anteriores);
- A maioria das pessoas não são apaixonadas pelo que fazem no dia-a-dia... Trabalham simplesmente por trabalhar (Vocês já notaram que muita gente tem hobbies que não tem nada a ver com o trabalho que fazem?);
- Muitas empresas estão "paradas no tempo"... se preocupam com hierarquia, superioridade, competição... querem que seus funcionários nunca cometam erros, que sejam perfeitos... não conseguem enxergar que o mundo mudou e que as pessoas mudaram;
- Mesmo em um mundo tão globalizado como o nosso, as pessoas e empresas têm dificuldades em colaborar. Se dependemos tanto uns dos outros, como vamos sobreviver sem isso? Por quê somos tão egoístas?

Acredito que a nossa sociedade está em um dos seus momentos mais lindos e mais difíceis, onde teremos que nos reinventar para seguir adiante... Como? Não sei, acho que ninguém encontrou a resposta certa ainda... rs

O que sim sei é que cada ser humano, em cada realidade, tem necessidades e desejos distintos. Um africano busca coisas diferentes da vida quando comparado com um americano, o que não quer dizer que um seja melhor que o outro, certo? Acho que a solução parte pela colaboração e compreensão do próximo, aceitando as diferenças, sem pensar que somos superiores ou inferiores a qualquer outra pessoa... e no dia em que as empresas/ONGs/governo entenderem isso, quem sabe o mundo não será um lugar melhor? =)

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Ma!!!
Parabens pelo post. Me sinto bem quando leio seus textos. Olha quando fui contratada no meu trabalho anterior, parecia que seria perfeito: eu trabalharia na area que eu mais desejava. Eu aprendi inumeros aspectos tecnicos e praticos que eu nao tinha experienciado, obviamente, quando estudei o assunto no tcc. Mas sinceramente, me abrindo para voce, o que mais me marcou foi o quanto as pessoas da equipe eram competitivas e nada focadas com o desenvolvimento da empresa como um todo. Eram totalmente voltadas para seus proprios objetivos. Enfim, sofri bastante mas hoje tenho a recompensa. Trabalho em uma empresa muuuuito mais humana, o diretor e' um profissional maravilhoso, claro que com defeitos, como todos nos, mas, ele tem essa inspiracao empreendedora que transparece e ele consegue motivar a equipe. Meu gerente e' tambem muito humano, e adora me dar feedbacks, me orientar, nunca se sente "ameacado" como na outra empresa aconteceu.

Aprendemos que deve existir uma distancia entre a vida pessoal e profissional, mas, como nao tornar o trabalho parte da sua vida, sendo que voce passa o DIA TODO, 5 dias na semana, na companhia das pessoas, sentadas lado a lado? E o que ha de tao mal em torna-lo pessoal, anyway? Sou muito mais feliz agora, ao lado dessas pessoas que sao menos competitivas e mais generosas, digamos assim, no ambiente de trabalho. Aprendi a equilibrar e quero isso para toda minha vida. Dificilmente escolherei o outro estilo novamente.

Beijos

Gleyce disse...

Oi mulher
Já faz um tempo eu venho me perguntando também porque tantas pessoas estão deprimidas. No nível super macro, o mundo com certeza está se tornando um lugar melhor em muitos aspectos, mas também um mundo muito mais "infeliz" e insatisfeito. Por que?

Com certeza tem um mérito os temas qualidade de vida e trabalhar com o que se gosta, porque com certeza trabalhar com um (ou mais...) fdp nao vai ajudar muito na sua felicidade geral e conseguir juntar paixão com geração de $ é o cenário dos sonhos!

No entanto, eu suspeito que muito da nossa insatisfação vem das crescentes expectativas e demandas artificiais que foram enfiadas nas nossas cabeças. No passado, ter um emprego, era uma coisa que vc fazia para pagar as contas. Sem expectativas de realização pessoal. Você nao ia trabalhar pra se realizar, vc ia lá pq tinha 4 bacuri pra alimentar em casa, hehe
Dai começou essa história de "trabalhar com o que vc gosta", "vocação", e "como assim vc nao está feliz com o seu trabalho?!!!" e isso criou uma pressão muito grande nas pessoas. Primeiro pq a resposta a "o que vc quer ser quando crescer?" nao vem muito fácil para a maioria das pessoas. CRISE. Dai elas podem ter sorte e achar alguma coisa que as motiva. Mas o trabalho nao era o conto de fadas que foi vendido. CRISE.
Somado a isso, vc NAO tem um smartphone?! Nao tem um IPad? Nem uma calça da Diesel? Seu óculos nao é de marca? CRISE. CRISE. CRISE....! Ah, nao tem peito grande? CRISE. Tá acima do peso? CRISE.....

Acho que estamos focando demais nos valores errados e criando um sonho que é muito mais produto das mensagens de marketing distorcidas do que o nosso próprio...

Nao coloquei todas as minhas ideias aqui para economizar os olhos dos seus leitores (portanto nao radicalizem meu ponto de vista, hehe), mas gostaria de saber: o que vocês acham? Estamos nos cobrando (de)mais?

Beijos